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Aumento do número de transplantes mas faltam recursos

A Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT) congratula-se com os dados recentemente publicados pelo Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST) referentes ao período entre janeiro e maio de 2016, que revelam um aumento do número de transplantes realizados para valores superiores aos dos últimos quatro anos (2012-2016). No entanto, continua a faltar uma reorganização urgente da coordenação hospitalar para a doação e colheita de órgãos, bem como um reforço e incentivo dos recursos humanos que se dedicam aos transplantes.

Segundo o IPST, entre janeiro e maio deste ano houve 151 dadores cadáver (mais 17 do que no primeiro trimestre de 2015); um maior número de dadores registados em igual período desde 2009 (o melhor dos últimos anos no que diz respeito aos transplantes em Portugal); o maior número de órgãos colhidos verificados em igual período desde 2009, 24% dos dadores com causa de morte traumática (19% em 2015); o aumento do número de transplantes realizados para valores superiores aos dos últimos quatro anos (2012-2016) e o transplante renal e hepático com valores superiores aos verificados em qualquer dos anos anteriores.

Apesar de o panorama atual ser animador, Susana Sampaio, presidente da SPT, considera que “Os números apresentados pelo IPST são positivos e Portugal tem internacionalmente um lugar de destaque nos números da doação e da transplantação. Mas não chega, dado que a alta incidência de doença renal avançada que temos precisa de ainda mais transplantação renal”.

“O aumento do transplante renal de dador vivo e da colheita em dadores em paragem cardiocirculatória podem ajudar-nos a alcançar resultados ainda melhores”, explica Susana Sampaio. “O transplante de rim de dador vivo permite o maior sucesso clínico e pode aumentar as taxas de transplantação renal mas tem uma expressão ainda muito reduzida em Portugal. A SPT realizou há poucos anos a única grande campanha nacional com o mote “Doar um rim faz bem ao coração”. É fundamental relançar as campanhas de informação sobre a doação em vida e cabe ao Ministério da Saúde, em conjunto com as sociedades científicas voltar a dar atenção a esta questão”.

A presidente da SPT realça ainda que Portugal “tem centros de referência de transplantação mas carece duma reorganização urgente da coordenação hospitalar para a doação e colheita de órgãos. Os recursos humanos para a transplantação são altamente especializados e face ao crescente número de transplantados precisam de maior reforço e incentivo”, existem unidades a trabalhar no limite.

E relativamente aos doentes transplantados há também ainda aspetos a corrigir. “Os direitos dos transplantados consagrados na lei são irregularmente cumpridos por algumas administrações hospitalares e a descentralização do seguimento dos transplantados renais por serviços de nefrologia com competência para tal tem que ser rapidamente regulada e implementada”.

A SPT acredita que depois da correção destes aspetos Portugal terá a capacidade para ser líder não só nos números mas também na competência científica e nos resultados clínicos dos transplantes de órgãos.

By | 2017-02-08T22:30:30+01:00 Outubro 21st, 2016|Categories: NOTÍCIAS|0 Comments

About the Author:

Licenciado em psicologia social pelo ISPA, mestrado em gestão de informação pela Universidade de Sheffield e doutorado em ciências da gestão pela Universidade de Lancaster. Desde 1996, foi professor no Instituto Superior de Psicologia Aplicada e no ISEG (Escola de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa). Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, concluiu o doutoramento na Management School da Universidade de Lancaster em Novembro de 2000. Foi consultor do Governo Regional da Madeira (Direção Regional de Saúde) e levou a cabo diversos trabalhos de consultoria e projetos de investigação para o ISEG, INETI, Câmara Municipal de Évora, várias empresas do grupo EDP, Ministério da Saúde Portugal, Eureko BV, Observatório Europeu da Droga, e PWC, em Espanha onde reside. Como facilitador profissional certificado e membro da IAF (International Association of Facilitators), iniciou as Cimeiras Ibéricas de Líderes de Saúde em Espanha e o Fórum do Hospital do Futuro em Portugal. É especializado em GDSS (sistemas de apoio à decisão em grupo) e projeta intervenções para otimizar a mudança e a inovação em saúde e educação. Desde 2020, é cofundador da Digital Collaboration Academy, uma empresa com sede em Londres, dedicada a facilitar o caminho para a adoção de ferramentas para a colaboração digital. Autor e editor de "Arquitetar a Colaboração", o título de uma série de livros dedicados à facilitação de grupos, seus princípios, métodos e técnicas.

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