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EDITORIAL: Espaço Ibérico de Saúde?

Mito ou quimera, a possibilidade de Portugal e Espanha se converterem num grande bloco económico na Europa, mais coeso que aquele que era até aqui o Reino Unido e a Irlanda, mais potente que o Benelux, e possivelmente até numa potencia à escala global (se incluirmos os países Ibero-Americanos), está hoje mais perto que nunca.

Teve lugar esta semana a XXIX Cimeira Ibérica e foram assinados vários acordos entre ambos países, em vários dominios excepto na Saúde.

Isto é algo contraditório, pois se o tema principal deste encontro ao mais alto nível era a cooperação transfronteiriça não vejo porque fica excluida a partilha de recursos em saúde. Esta é até uma área exemplar na fronteira entre Elvas e Badajoz,  onde as crianças do Alentejo nascem como cidadãos portugueses na maternidade de Badajoz. Não poderiam existir mais casos como este em outras regiões? E o que dizer da assinatura de protocolos para a partilha de dados entre os serviços de saúde das várias regiões de Espanha e Portugal, seguindo uma directiva clara que terá que ser adotada por todos os Estados membros da UE?

Fiquei um pouco decepcionado mas quero acreditar que não terá sido pelo lado português que falte a prontidão para avançar.

Mas vejamos os pontos positivos, no âmbito do ensino, um espaço ibérico do ensino superior que possibilitará que os cursos da área da saúde, possam ser partilhados por universidades portuguesas e espanholas fazendo um aproveitamento cada vez mais urgente de recursos que potenciam o avanço da investigação e que possam dar lugar a mais casos de sucesso como o Instituto Ibérico de Nanotecnologia ou o seu maior aproveitamento no âmbito terapêutico em saúde e no desenvolvimento da engenharia bio-médica.

Os tempos do “orgulhosamente sós” que Salazar impôs e que várias gerações de portugueses ainda recordam estão a chegar ao fim. Cada vez mais as camadas mais jovens da população chegam à idade de votar e lhes soará cada vez mais  estranho esse velho ditado popular – “de Espanha nem bom vento nem bom casamento”. Por falta de sintonia com a realidade cairá no descrédito quem assim continuar a pensar. Unidos, Portugal e Espanha serão sempre mais fortes incluindo no âmbito da saúde.

By | 2018-04-10T12:07:21+01:00 Junho 1st, 2017|Categories: EDITORIAL|Tags: , , , |Comentários fechados em EDITORIAL: Espaço Ibérico de Saúde?

About the Author:

Licenciado em Psicologia Social e das Organizações pelo ISPA, detém um mestrado em Gestão de Informação pela Universidade de Sheffield e um doutoramento em Ciências da Gestão pela Universidade de Lancaster. A partir de 1996, desempenhou a função de professor no Instituto Superior de Psicologia Aplicada e na ISEG (Escola de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa). Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, concluiu o doutoramento na Management School da Universidade de Lancaster em Novembro de 2000. Acumulou vasta experiência como consultor, colaborando com o Governo Regional da Madeira (Direção Regional de Saúde) e participando em diversos projetos de consultoria e investigação em parceria com instituições como o ISEG, INETI, Câmara Municipal de Évora, várias empresas do grupo EDP, Ministério da Saúde de Portugal, Eureko BV, Observatório Europeu da Droga e PWC em Espanha. Certificado como facilitador profissional e membro da IAF (International Association of Facilitators), teve um papel crucial na conceção das Cimeiras Ibéricas de Líderes de Saúde na Espanha, além de ter sido co-fundador do Fórum do Hospital do Futuro em Portugal. Especializado em GDSS (sistemas de apoio à decisão em grupo), projetou intervenções para otimizar processos de mudança e inovação nos setores de saúde e educação. Desde 2020, é cofundador da Digital Collaboration Academy, uma empresa sediada em Londres dedicada a facilitar a adoção de ferramentas para a colaboração digital. Autor e editor da série de livros "Arquitetar a Colaboração", aborda princípios, métodos e técnicas de facilitação de grupos. Sua trajetória, combinada à experiência como residente em vários países e presentemente em Portugal, moldou sua abordagem voltada para as estratégias de colaboração e desenvolvimento económico.