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EDITORIAL: O trabalho em equipa em saúde

É muito comum ouvir dizer que nas organizações de saúde o trabalho em equipa é fundamental. Por uma maioria de razões que se prendem com a vertente cada vez mais inter-disciplinar das ciências da saúde e com os avanços tecnológicos no sector que reclamam cada vez mais uma formação permanente e avançada. O mix de perfis profissionais e competências assistenciais que coexistem num centro de saúde ou num hospital obriga a uma redobrada atenção à importância do trabalho em equipa em saúde, o qual tem sido amplamente investigado (ver por exemplo aqui)

E quais são os principais avanços nesta matéria? Como pode o trabalho em equipa em saúde ser mais eficaz e produzir melhor satisfação junto dos profissionais e do paciente? Estas respostas são dadas por uma nova disciplina – a facilitação de grupos. Trata-se de um novo conjunto de competências profissionais que têm vindo a ser desenvolvidas desde os anos 70 pelo ICA (Institute of Cultural Affairs) e mais recentemente pela IAF  (International Association of Facilitators).

A Associação Internacional de Facilitadores (em inglês IAF), da qual faço parte,  é um organização mundial que foi criada para promover, apoiar e dinamizar a arte e a prática da facilitação profissional, através da partilha de métodos, crescimento e desenvolvimento profissional, investigação prática e redes profissionais.

As Competências Básicas do Facilitador foram desenvolvidas ao longo do tempo, pela IAF, com o apoio dos seus membros e facilitadores de todo o mundo. As competências integram as capacidades, conhecimentos e comportamentos fundamentais que cada facilitador, individualmente, deve evidenciar no exercício da facilitação, e garantem o seu sucesso nos mais variados contextos e ambientes.

A título de exemplo posso referir aqui uma parte das competências básicas de um facilitador de grupo.

ORIENTAR O GRUPO PARA RESULTADOS ÚTEIS E ADEQUADOS

D1) Guiar o grupo com métodos e processos claros

    • Estabelece um contexto claro para a sessão
    • Escuta ativamente, questiona e resume por forma a extrair a essência do que o grupo expressa
    • Identifica desvios e pontos de interseção, direcionando para a tarefa
    • Gere processos de grupos grandes ou pequenos

D2) Facilitar a auto consciência do grupo perante as tarefas

    • Modifica e ajusta o ritmo das atividades de acordo com as necessidades do grupo
    • Identifica a informação que o grupo precisa e integra os conhecimentos e as percepções do grupo
    • Ajuda o grupo a identificar e a resumir padrões, tendências, causas e marcos para a ação
    • Apoia o grupo na reflexão sobre as suas próprias experiências

D3) Guiar o grupo para o consenso e resultados desejados

    • Usa uma variedade de abordagens para conseguir o consenso do grupo
    • Usa uma variedade de abordagens para atingir os resultados do grupo
    • Adapta processos consoante as situações e necessidades do grupo
    • Avalia e comunica o progresso do grupo
    • Promove a conclusão das tarefas

Para saber mais sobre a IAF e sobre a suas próximas iniciativas em Portugal e em toda a Lusofonia, pode contactar através desta página: https://www.iaf-world.org/site/chapters/portugal

By | 2018-04-10T12:07:18+01:00 Dezembro 27th, 2017|Categories: EDITORIAL|0 Comments

About the Author:

Licenciado em psicologia social pelo ISPA, mestrado em gestão de informação pela Universidade de Sheffield e doutorado em ciências da gestão pela Universidade de Lancaster. Desde 1996, foi professor no Instituto Superior de Psicologia Aplicada e no ISEG (Escola de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa). Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, concluiu o doutoramento na Management School da Universidade de Lancaster em Novembro de 2000. Foi consultor do Governo Regional da Madeira (Direção Regional de Saúde) e levou a cabo diversos trabalhos de consultoria e projetos de investigação para o ISEG, INETI, Câmara Municipal de Évora, várias empresas do grupo EDP, Ministério da Saúde Portugal, Eureko BV, Observatório Europeu da Droga, e PWC, em Espanha onde reside. Como facilitador profissional certificado e membro da IAF (International Association of Facilitators), iniciou as Cimeiras Ibéricas de Líderes de Saúde em Espanha e o Fórum do Hospital do Futuro em Portugal. É especializado em GDSS (sistemas de apoio à decisão em grupo) e projeta intervenções para otimizar a mudança e a inovação em saúde e educação. Desde 2020, é cofundador da Digital Collaboration Academy, uma empresa com sede em Londres, dedicada a facilitar o caminho para a adoção de ferramentas para a colaboração digital. Autor e editor de "Arquitetar a Colaboração", o título de uma série de livros dedicados à facilitação de grupos, seus princípios, métodos e técnicas.

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