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EDITORIAL: Um Serviço Nacional de Saúde mais saudável

Na passada semana teve lugar a cerimónia de despedida do nosso anterior director-geral de Saúde – Dr Francisco George. Foi uma das cerimónias públicas mas emotivas em que possa ter estado. Realmente, esse mesmo evento espelha bem que na área da Saúde, a República Portuguesa pode ser considerada um caso de sucesso.

Sem entrar em detalhes naquilo que foi a sessão, que obteve uma ampla cobertura mediática, apenas posso dizer que no final só me apateceu ir dançar junto com os músicos que cantavam as mais divertidas canções populares portuguesas.

Mas o que significa esta vontade de celebrar o final da carreira de um médico e servidor público como Francisco George? En primeiro lugar, porque nos convida a ser humanos. Entrar na essência do ser humano é encontrar a fórmula de sucesso em saúde. A empatia, a inteligência emocional, a visão sistémica das coisas, o saber facilitar, são parte das grandes qualidades que deve ter qualquer profissional de saúde e a Direcção-Geral de Saúde tem sido sempre um grande exemplo na sua forma de actuar para todo o SNS. Oxalá possa assim continuar.

Mas neste evento todos celebrámos também o poder desfrutar de um estado avançado de maturidade governativa. No caso da Saúde sempre houve o cuidado de despartidarizar as funções de um Director-Geral de Saúde e estou absolutamente convicto que não será o actual governo quem altere essa tendência, antes pelo contrário. O discurso que um emocionado Ministro da Saúde improvisou no encerramento nesta cerimónia, deixou bem patente que existe subjacente aquilo que possam ser as naturais opções estratégicas e políticas do actual governo, uma visão de Saúde que é amplamente consensual na sociedade portuguesa. Isso é tranquilizador. Confere a todos os agentes de saúde a possibilidade de trabalharem para um bem comum que é depois largamente compensador para todos.

Oxalá também outras áreas de governo pudessem estar neste nivel de excelência de governo. Oxalá pudessem todos os Directores-Gerais de Portugal ser como Francisco George. Portugal sería um país muito melhor.

PS: Agora que Angola dá os primeiros passos num novo regime presidencial, seria importante que este exemplo da Direcção-Geral de Saúde portuguesa pudesse ser seguido aí. Despartidarizar a Saúde e priviligiar a competência humana, para além da técnica ou científica. são critérios importantes para o governo de qualquer serviço nacional de saúde.

By | 2017-10-25T10:02:52+01:00 Outubro 25th, 2017|Categories: EDITORIAL|0 Comments

About the Author:

Licenciado em psicologia social pelo ISPA, mestrado em gestão de informação pela Universidade de Sheffield e doutorado em ciências da gestão pela Universidade de Lancaster. Desde 1996, foi professor no Instituto Superior de Psicologia Aplicada e no ISEG (Escola de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa). Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, concluiu o doutoramento na Management School da Universidade de Lancaster em Novembro de 2000. Foi consultor do Governo Regional da Madeira (Direção Regional de Saúde) e levou a cabo diversos trabalhos de consultoria e projetos de investigação para o ISEG, INETI, Câmara Municipal de Évora, várias empresas do grupo EDP, Ministério da Saúde Portugal, Eureko BV, Observatório Europeu da Droga, e PWC, em Espanha onde reside. Como facilitador profissional certificado e membro da IAF (International Association of Facilitators), iniciou as Cimeiras Ibéricas de Líderes de Saúde em Espanha e o Fórum do Hospital do Futuro em Portugal. É especializado em GDSS (sistemas de apoio à decisão em grupo) e projeta intervenções para otimizar a mudança e a inovação em saúde e educação. Desde 2020, é cofundador da Digital Collaboration Academy, uma empresa com sede em Londres, dedicada a facilitar o caminho para a adoção de ferramentas para a colaboração digital. Autor e editor de "Arquitetar a Colaboração", o título de uma série de livros dedicados à facilitação de grupos, seus princípios, métodos e técnicas.

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