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Editorial: Março Marçagão

…manhã de inverno e tarde de verão.

Este é o refrão popular que é usado para descrever a instabilidade característica da mudança de estação no hemisfério norte e que afeta o comportamento das pessoas e desde logo os seus hábitos de consumo. Mas este tipo de mudança cíclica confere ao mesmo tempo uma enorme sensação de perenidade. Apesar da instabilidade dos dias de março todos sabemos que caminhamos para dias melhores a partir de agora e até ao verão, irão seguramente aparecer dias melhores e depois entraremos de novo no inverno do qual estamos a sair e este ciclo será assim para todo o sempre.

Oxalá toda a mudança fosse sempre assim tão previsível. Mas basta ver os últimos acontecimentos mundiais neste inverno para compreender que uma primavera está longe de estar à vista e pode até nunca chegar. Entram aqui em jogo os factores psicológicos, a chamada “moral das tropas”, como dizem os militares, e que é tão decisiva para ganhar ou perder batalhas.

Temos que saber enfrentar elevados graus de incerteza nos dias de hoje, os quais se reflectem nas decisões tomadas todos os dias na gestão da saúde. Encerramento de unidades de saúde, construção de outras, abertura de novos serviços, fecho de outros, esta permanente mudança pode ser encarada de forma pessimista – “tudo irá ser cada vez pior, estamos a destruir o SNS” – ou, pela positiva – “estamos a construir um melhor Serviço Nacional de Saúde”.

A mudança é sempre algo que gera enorme desconforto, ninguem gosta de ter manhãs de inverno e tardes de verão no mesmo dia, mas a forma como é encarada essa mudança faz toda a diferença. Aqui está um novo desafio para os dirigentes em saúde. Não se trata apenas de gerir a mudança, mas de fazê-lo pela positiva e com a moral bem elevada. Mais fácil dizer que fazer? Hoje em dia existem novas abordagens de gestão participada e métodos inovadores para facilitar reuniões que tornam a gestão da mudança muito mais agradável e reduzindo substancialmente o stress que sempre acarreta.

By | 2018-04-10T12:07:22+01:00 Fevereiro 28th, 2017|Categories: EDITORIAL|0 Comments

About the Author:

Licenciado em psicologia social pelo ISPA, mestrado em gestão de informação pela Universidade de Sheffield e doutorado em ciências da gestão pela Universidade de Lancaster. Desde 1996, foi professor no Instituto Superior de Psicologia Aplicada e no ISEG (Escola de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa). Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, concluiu o doutoramento na Management School da Universidade de Lancaster em Novembro de 2000. Foi consultor do Governo Regional da Madeira (Direção Regional de Saúde) e levou a cabo diversos trabalhos de consultoria e projetos de investigação para o ISEG, INETI, Câmara Municipal de Évora, várias empresas do grupo EDP, Ministério da Saúde Portugal, Eureko BV, Observatório Europeu da Droga, e PWC, em Espanha onde reside. Como facilitador profissional certificado e membro da IAF (International Association of Facilitators), iniciou as Cimeiras Ibéricas de Líderes de Saúde em Espanha e o Fórum do Hospital do Futuro em Portugal. É especializado em GDSS (sistemas de apoio à decisão em grupo) e projeta intervenções para otimizar a mudança e a inovação em saúde e educação. Desde 2020, é cofundador da Digital Collaboration Academy, uma empresa com sede em Londres, dedicada a facilitar o caminho para a adoção de ferramentas para a colaboração digital. Autor e editor de "Arquitetar a Colaboração", o título de uma série de livros dedicados à facilitação de grupos, seus princípios, métodos e técnicas.

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