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EDITORIAL: Um novo propósito público

Estamos no dealbar de uma nova era histórica para toda a humanidade.

Esta pandemia veio trazer o sofrimento e a perda de seres queridos (e a morte de muitos sem ninguém sequer para os despedir) numa escala que anteriormente era desconhecida e com ela a consciência de uma nova humanidade.

Hoje a tal borboleta que bate as asas em Pequim causa mesmo uma tempestade nas caraíbas. A humanidade ganhou a consciência que viver hoje no planeta Terra é como viver numa pequena aldeia partilhada por 7 mil milhões de almas e que quase se conhecem por nomes e apelidos.

Mas isto foi precisamente aquilo que os homens e mulheres que nos vêm do espaço já nos tinham tido há muito. As fronteiras entre países são apenas linhas imaginárias.

Qual o impacto desta nova consciência nos diferentes regimes políticos que governam a humanidade é a grande incognita. No âmbito da Semana Internacional da Facilitação (FacWeek.org) eu participei no mês passado numa conversa à escala planetária lançada pela plataforma x360 que tem vindo a liderar a emergência de um novo conceito “a new public purpose

Na essência resume o seguinte. A escala e o esforço necessário para sair da maior crise que a humanidade tenha alguma vez experimentado é hercúleo e os Estados têm que encontrar novas formas de envolver e fazer participar a sociedade civil trabalhando juntos para um propósito comum.

Exemplo? As medidas para a contenção desta pandemia serão tanto mais eficazes quanto sejam lideradas pela sociedade civil e Portugal foi um caso de sucesso quando por todo o País as universidades e as empresas anteciparam uma medida que foi posteriormente anunciada pelo Governo: ficar em casa, estudar e trabalhar desde casa.

Através do col.lab | collaboration laboratory a plataforma de onde emana este Fórum Hospital do Futuro e um conjunto de outras iniciativas que temos levado à prática, estamos a contribuir para a emergência desse novo propósito público.

É disso exemplo a Cimeira das Regiões em Saúde que reúne os líderes das regiões de saúde do continente e ilhas mostrando que o País em matéria de saúde é uno e que a autonomia política traz vantagens que podem ser aproveitadas ao nível da gestão (não política) da saúde.

 

É disso exemplo o Health Data Forum, um outro Think Tank especializado na emergência de um novo aproveitamento dos dados em saúde para a criação de sistemas de saúde de nova geração, mais inteligentes na eficácia das respostas aos problemas de saúde da população, que não são os mesmos de região para região, e da própria prestação de cuidados de saúde, que deve começar a ser medida pelo valor gerado por cada ato clínico e não pela mera quantidade de atos clinicos praticados. Os dados em saúde podem ajudar a compreender que na prestação de cuidades de saúde, ‘menos’ pode chegar a ser ‘mais’.

Estas iniciativas nacionais e internacionaos são possíveis graças ao apoio e suporte que temos recebido por parte das várias insttuções tuteladas pelo Ministério da Saúde deste XXII Governo de Portugal que muito nos honra, com particular destaque para o INFARMED que foi a sede hibrida do último dia da Cimeira Global de Dados em Saúde e do EU-India Mashup Day e onde se produziram importantes avanços em cooperação internacional alinhadas com as prioridades da próxima presidência portuguesa do Conselho Europeu no reforço da relação entre a União Europeia e a India.

Portugal irá ser o país que assumirá a presidência da UE a partir de Janeiro de 2021 e seguramente deixará pelos melhores pergaminhos históricos a sua contribuição. Entre eles, o de vir a ser a sede de este importante diálogo entre duas regiões globais a UE e a India que têm tudo a ganhar no aprofundamento e estreitamento das suas relações e no aprofundar desta nova consciência de sermos uma ‘aldeia global’ para podermos começar a agir como tal.

By | 2020-11-17T15:15:00+01:00 Novembro 13th, 2020|Categories: EDITORIAL|0 Comments

About the Author:

Licenciado em psicologia social pelo ISPA, mestrado em gestão de informação pela Universidade de Sheffield e doutorado em ciências da gestão pela Universidade de Lancaster. Desde 1996, foi professor no Instituto Superior de Psicologia Aplicada e no ISEG (Escola de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa). Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, concluiu o doutoramento na Management School da Universidade de Lancaster em Novembro de 2000. Foi consultor do Governo Regional da Madeira (Direção Regional de Saúde) e levou a cabo diversos trabalhos de consultoria e projetos de investigação para o ISEG, INETI, Câmara Municipal de Évora, várias empresas do grupo EDP, Ministério da Saúde Portugal, Eureko BV, Observatório Europeu da Droga, e PWC, em Espanha onde reside. Como facilitador profissional certificado e membro da IAF (International Association of Facilitators), iniciou as Cimeiras Ibéricas de Líderes de Saúde em Espanha e o Fórum do Hospital do Futuro em Portugal. É especializado em GDSS (sistemas de apoio à decisão em grupo) e projeta intervenções para otimizar a mudança e a inovação em saúde e educação. Desde 2020, é cofundador da Digital Collaboration Academy, uma empresa com sede em Londres, dedicada a facilitar o caminho para a adoção de ferramentas para a colaboração digital. Autor e editor de "Arquitetar a Colaboração", o título de uma série de livros dedicados à facilitação de grupos, seus princípios, métodos e técnicas.

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